Por Paulo Avelino Jacovos
Diretor
Associação Brasileira de Bartenders - ABBFilada a International Bartenders Association - IBA
Associação Brasileira de Bartenders - ABBFilada a International Bartenders Association - IBA
"Quando
o Brasil criar juízo e se tornar uma potência mundial, será a
Cachaça e não o
Whisky a bebida do planeta."
Jurista
Sobral Pinto
As
palavras do saudoso e apaixonado Jurista Sobral Pinto... Há muito tempo escritas estão muito próximas
de se tornarem uma realidade.
Quando vejo a maturidade política,
econômica, social e a Brasilidade por que passa o nosso país desde que reestabelecemos
a democracia no final dos anos oitenta, e que vem se acentuado rapidamente ainda
mais no início deste século concluo que o grande Jurista Sobral Pinto, esteja
onde estiver neste momento, deve estar se lembrando de sua celebre frase acima.
Limão,
açúcar, gelo, Cachaça... Limão, açúcar, gelo, Vodka... Limão, açúcar, gelo, Rum...
Caipirinha... Caipiroska... Caipiríssima? Hoje em dia temos três tipos, mas,
qual seria a melhor opção? Enquanto alguns discutem outros bebem... todas!
Bebida de corpo e alma brasileira e
ultimamente cada vez mais com carregado sotaque estrangeiro a “Caipiriiinha” esta
se tornando a mais genuína bebida internacionalmente conhecida do Brasil. E
quem diria que até bem pouco tempo atrás era considerada como de segunda classe
em nosso país devido ao seu principal ingrediente a “Cachaça” ser uma bebida de
gosto muito duvidosa por ser preferida pelas camadas sociais mais baixas de
nossa população.
Depois de muitos anos da invasão dos
Whiskies Escoceses... das Vodkas Russas...dos Rons Cubanos... a nossa Cachaça,
Pinga, Aguardente, Malvada, Amansa Corno, Água que passarinho não bebe,
Esquenta-corpo, Maria-branca, Suor-de-alambique, Arrebenta-peito, Mel, Mé,
Goró, Cana, Loirinha etc ... etc. ... etc. ... está se tornando cada vez mais
consumida por todas as camadas sociais. Todos pedem sua preferência nacional
nos mais diversos tipos de bares e restaurantes, indo dos mais simples aos mais
sofisticados, e se sentem orgulhosos em não mais precisar sussurrar aos
Bartenders e Maitres com receio de ser rotulados como pessoas pobres e bregas,
pedindo ao invés de bebidas importadas a nossa brasileiríssima “Caipirinha” em
bares e restaurantes chiques também.
- Uma Caipirinha, por favor!
- De Cachaça?
- Of Course!
Nossos bares também fizeram sua
parte destacando-a cada vez mais em suas prateleiras, exibindo das marcas mais
populares até seus melhores exemplares, e que por vezes chegam a custar muito
mais que doses de bebidas finas importadas, fazendo questão de colocá-las em
lugares de honra em seus cardápios. À nossa “Caipirinha” se tornou uma bebida com
cara rústica, mística, quente, inebriante, carregada de sabor de festa e de alegria
tipicamente Brasileiras.
Mas,
ao contrário do que imaginamos seu principal ingrediente a aguardente de cana
não é nossa primeira bebida aqui fabricada, nem tão pouco foi criado por nós,
pois já se produzia aguardente de cana nas ilhas portuguesas. Quando a Europa rumava para uma nova
fase histórica, com seu “Renascimento” e com a ascensão do comércio, entre outras
atividades este era feito principalmente por vias marítimas, pois, os senhores
feudais cobravam altos tributos pelos comboios que passavam pelas suas terras,
ou simplesmente incentivavam o saque de mercadorias das caravanas, Portugal por
sua posição geográfica se tornou passagem obrigatória para as naus carregadas
de mercadorias vindas de todos os cantos do mundo. Isto estimulou a introdução
da cana-de-açúcar na Ilha da Madeira, território português além-mar e que foi o
laboratório para a cultura e produção de cana e açúcar e seus produtos dentre
eles a “Água ardente” que mais tarde se expandiria com a descoberta da América
por Cristóvão Colombo. O próprio Cristóvão Colombo que era genro de um grande
produtor de açúcar na Ilha Madeira introduziu o plantio da cana no novo
continente em sua segunda viagem em 1493, onde hoje seria a República
Dominicana. Isto durou até quando os espanhóis descobriram o ouro e a prata das
civilizações Asteca e Inca, no início do século XVI no México, foi quando este cultivo
da cana e a sua produção de açúcar foram quase que totalmente esquecidos neste
pedaço da América.
Oficialmente
foi Martim Affonso de Souza que em 1532 trouxe a primeira muda de cana ao
Brasil e iniciou seu cultivo na Capitania de São Vicente. Lá, ele próprio
construiu o primeiro engenho de açúcar. Mas, foi no Nordeste e principalmente
nas Capitanias de Pernambuco e da Bahia que os engenhos de açúcar se
multiplicaram, se tornando uma das maiores riquezas do Brasil colonial.
Como
consequência a produção de açúcar se tornou um dos principais produtos de
exportação da colônia Portuguesa, já que na Europa se consumia apenas açúcar de
beterraba, caro e de gosto duvidoso. Inicialmente,
a chamada “Cachaça” subproduto da cana era feita da espuma da caldeira em que
se purificava o caldo a fogo lento e que servia como resto de alimento para
bestas, cabras, ovelhas. Assim, pôr algum tempo foi considerado um produto secundário
da indústria açucareira sendo mais uma garapa e não tinha nenhum teor
alcoólico. Foi somente depois da metade
do século XVI que a aguardente de cana passou a ser produzida em alambique de
barro e posteriormente de cobre sob a formula atual e recebeu o nome popular de
Cachaça por ter gosto e cheiro ruim, talvez lembrando os porcos selvagens que
não eram castrados e tinham a carne com cheiro e gosto ruim também conhecidos
pelo nome de “Cachaços”.
Com o passar
do tempo à produção da Cachaça foi crescendo gradativamente e sua qualidade
sendo aprimorada. Nos engenhos do nordeste era costume dar Cachaça aos escravos
na primeira refeição do dia a fim de que pudessem suportar melhor o trabalho árduo
dos canaviais.
Com o aumento da produção açucareira e os engenhos de
cana-de-açúcar espalhando pelo Nordeste e também com o aumento da importação de
mão-de-obra escrava para lavoura, cresceu ainda mais a produção de aguardente
de cana em várias regiões açucareiras, se tornando uma bebida genuinamente
brasileira. A Cachaça que foi amaldiçoada e desprezada pelos ricos acabou se
tornando por muito tempo apenas uma bebida popular consumida pelas classes mais
baixas da sociedade colonial brasileira, pois, as classes mais abastadas preferiam
a bagaceira portuguesa, o vinho do porto ou mesmo os cognac franceses. Diante nova realidade de crescimento e consumo
inclusive por camadas sociais mais elevadas da população a venda da “Cachaça”
chegou a ser proibida na Bahia em 1635, sendo que em 1639 deu-se a primeira
tentativa de impedir até o seu fabrico pelo governo português. Ao tempo da
transmigração da corte portuguesa em 1808 para o Rio de Janeiro, a “Cachaça” já
era considerada como um dos principais produtos da economia brasileira. Em 1819
já se podia dizer que a “Cachaça” era a aguardente do país.
Com o passar dos tempos e a separação do Brasil de Portugal e com a proclamação da independência, e também com o aprimoramento de sua produção, ela acabou atraindo novos consumidores, além de ter importância econômica para o Brasil que passava de colônia para país independente, e levou a redução do consumo das bebidas que eram importadas pelos portugueses, pois, a Bagaceira bebida típica de Portugal e feita à base de restos de vinificação passou a ser menos consumida pelos brasileiros, enquanto a “Cachaça” saiu das senzalas e era introduzida não só na mesa de Senhores de Engenho, mas também nas casas de ricos Portugueses radicados no Brasil.
Mas,
quando é que nome de Caipirinha teria sido usado pela primeira vez para rotular
este cocktail que passou a ser feito a base de nossa bebida típica brasileira a
“Cachaça”?
Caipira
era o termo usado pelos Paulistas que designava o "Habitante do
Campo" e que segundo o Dicionário de Vocábulos Brasileiros de 1889 aparentemente
teria originado da palavra Tupi "Caipora" ou "Curupira".
Caipora em uma tradução literal do Tupi significa "Habitante do
Mato". Já “Curupira” é um ente fantástico da mitologia popular brasileira
ou um demônio que vagueia errante pelo mato com os pés voltados para trás. A
Cachaça misturada a alho e limão macerados e adocicado com mel silvestre era
tido popularmente como um “Santo Remédio” na cura de resfriados. Talvez,
aqueles que abusavam deste “Santo Remédio” acabavam vendo valorizados pela
mitologia e crenças do campo uns "Curupirinhas" à sua volta quando
exageravam nas doses do remédio popular. E segundo acreditam muitos teria
surgido daí o nome da bebida “Caipirinha”, Curupirinhas”. A bebida
passou de remédio para cocktail, quando sofreu algumas mudanças de ingredientes
como mel pelo açúcar, a retirada do alho, além de acréscimo do o gelo para
tornar a bebida mais refrescante.
Bebida de sabor ácido e aroma fresco
e cítrico e de paladar agradável dá a sensação de água na boca quando
acompanhamos o passo a passo de sua preparação. A internacionalização da
Caipirinha se deu através de sua entrada em definitivo, em1997 para o seletíssimo
grupo de Cocktails da I.B.A - International Bartenders Association, sendo assim
divulgada em mais de 50 países e oferecida nos principais cardápios dos bares e
restaurantes mais famosos do planeta. Preparada e oferecida pelos maiores
Mestres da Arte da Coquetelaria, teve um grande impulso para que em breve eu
creia possa se tornar um dos cocktails mais apreciados e conhecidos mundo
afora.
Bebida versátil que dependendo da
maneira como é preparada é único cocktail que pode ser consumido a todo o
momento, indo de aperitivo quando é preparada um pouco mais acida, com maior
quantidade de cachaça e limão e menos açúcar. É refrescante com menor volume de
cachaça e quantidades maiores de açúcar, limão e gelo ou até mesmo como um
ótimo digestivo com quantidades maiores de cachaça, açúcar e menor de limão está
se tornando um hit entre todas as camadas sociais, homens e mulheres, jovens e
velhos, pobres e ricos, restaurantes populares e restaurantes chiques! Nas
últimas décadas tem sido preparada em diversas variações e com todos os sabores
e tipos de frutas tropicais e exóticas. Além disto, ainda tem como pano de
fundo os milhões em investimentos e melhorias nos seus processos de fabricação
industrial e um marketing agressivo de divulgação em grandes campanhas através
dos principais meios de comunicação como jornais, revistas, televisão e
campanhas milionárias comandadas pelas maiores agências de publicidade do
Brasil e às vezes no mundo. Tudo isto sem jamais perder seu sotaque, sua simplicidade,
alma e sua origem popularmente brasileiríssimas.
CAIPIRINHA...
ETA TREM BÃO SÔ!
Receita Caipirinha
6.0 cl
cachaça
02 colheres
de açúcar
½ limão em
pedaços sem a parte branca do miolo
Montar em
copo curto e de base grossa para macerar o limão e o açúcar formando um xarope. Acrescentar a cachaça e o gelo e misturar, revolvendo todos os ingredientes.
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