sexta-feira, 19 de julho de 2013

Hotel Glória paralisado com milhões da União




Após pegar R$ 200 milhões de uma linha de crédito do governo federal com condições especiais para a Copa de 2014 com o intuito de reformar o Hotel Glória, no Rio de Janeiro, o Grupo EBX, do empresário Eike Batista, tenta agora se desfazer do empreendimento sem concluir a obra. Após sucessivos atrasos na previsão de inauguração do hotel, a REX, empresa imobiliária do grupo, afirma que busca uma empresa de hotelaria internacional para assumir a empreitada, e que ajustes no projeto podem atrasar mais uma vez o cronograma de entrega da obra financiada com dinheiro público.
De acordo com o Portal da Transparência do governo federal, a inauguração foi reprogramada para maio de 2015 e apenas 26% da obra estava concluída no início de julho. Do total, ao menos R$ 50 milhões da União já foram liberados para o projeto. Apesar do empréstimo do BNDES ter saído de uma linha de crédito chamada ProCopa Turismo, anunciada em 2010 "com o objetivo de ampliar e modernizar o parque hoteleiro nacional até a Copa do Mundo de 2014", o banco afirma que o atraso da obra não influi no empréstimo já que, apesar do que o próprio banco disse anteriormente e tudo leva a crer, não há neste tipo de financiamento nenhuma obrigação da obra estar pronta para a Copa de 2014.
 Agora, com as obras visivelmente paralisadas, a história é diferente. "A REX vem mantendo conversas com uma bandeira hoteleira internacional de alto padrão para gerenciar o Gloria Palace Hotel", diz a empresa em nota enviada à reportagem. "Após finalizada a negociação, a REX informará o operador escolhido e possíveis adaptações no cronograma", diz a nota.
Para quem passa em frente ao hotel, inaugurado em 1922 na Marina na Glória e um dos cartões postais arquitetônicos do Rio de Janeiro, fica claro que os trabalhos ali estão parados. Na semana passada, o CAU-RJ (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro) enviou ofício à Secretaria Municipal de Urbanismo da cidade e à REX informem qual o prazo da obra, já que ela está visivelmente parada. "Precisamos saber o que acontece ali", diz Sydnei Menezes, presidente do CAU-RJ. "É uma situação que se arrasta e envolve um dos edifícios que são ícones do Rio de Janeiro, é preciso haver mais clareza sobre o rumo daquilo ali", afirma o arquiteto.